O Anti-Cristo!

Postando minhas idéias e opiniões sobre a vida, a arte, e sobre o que mais der vontade!

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Uma máquina extraordinária

Existem questões na vida que nunca serão respondidas, assim como um cego de nascimento nunca saberá o que é a luz, nós nunca saberemos o que é a alma, nem se ela realmente existe. Depois de morrer duas vezes descobri que não existe vida após a morte, pois nada ví, nem senti nos meus momentos de cova. E se a alma existe, eu não tenho.

A alma pertencia a todos em comum até o orgulho dos homens definir que somente a temos e os outros seres vivos não. Mas se Deus deu aos animais os mesmos órgãos e sentimentos que nós, se eles conseguem construir, organizar e comunicarem-se por que não têm alma como nós? Seriam eles de uma natureza diferente? Criados por um outro Deus?

As plantas, quando cortadas, crescem novamente, teriam elas mais alma que nós? Não acho possível, logo isso não passa de uma prova que Deus quis nos dar do seu imenso poder. Ou se esses seres não são dotados da mesma capacidade dos homens de pensar eles têm uma alma inferior a nossa, pois pensar é a essência de sua alma inexistente, logo a alma de um idiota é diferente da de Platão.

Talvez só eu não tenha alma, mas se meus pais têm alma eles jamais gerariam outro ser desalmado, logo se uma criança nasce sem uma perna, na verdade ela a tem já que seus pais também a tinham. A alma é como um relógio que Deus nos concedeu para dirigirmos, porém não nos explicou a maquinaria de que o relógio se compõe. Deus não passa de uma invenção do homem que nem ele mesmo consegue explicar ou entender e que eu não consigo acreditar. E a alma também foi uma das invenções dos homens através do pensamento da anterior criação, talvez para provar sem provas o que não tem prova, é coisa da fé, e eu como um desalmado, não posso ter fé.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O cachimbo

Voltando daquela lanchonete tipicamente suburbana, onde só um suburbano trabalharia, vejo a velha do 302 do outro lado da calçada, cheia de bolsas de um supermercado suburbano, onde só uma velha suburbana faria suas compras. Atravesso correndo e pergunto se ela quer ajuda e com toda aquela lentidão e simpatia ela diz um 'Sim, obrigada' acompanhado de um sorrisinho simpático pelo canto da boca que faz mostrar todas as rugas da idade e do peso da solidão. Nunca vi visita alguma entrar naquela casa a única companhia que tem é o som alto da minha casa.

Caminhamos e ela fala sobre o carrinho de compras que quebrou, depois comentando o quanto as bolsas estavam pesadas e finalmente ela sugere que peguemos um táxi o que eu aceitei com um sorriso aliviado de não ter que entrar no maldito ônibus suburbano, onde só suburbanos andariam. Um sentimento de culpa incomum me envolve quando ela pede para que o motorista abaixe o som que a incomodava 'Desculpa pelo som alto de vez em quando, vou tentar maneirar', ela sorri e me surpreende 'Não me incomodo com o seu som, até gosto de algumas músicas, essas rádios de hoje em dia só tocam porcaria'.

Deixo as bolsas na porta do 302 da velha e ela fica parada, como se contemplasse algo muito bonito, mas era o meu rosto que ela contemplava, um certo estado de hipnose me envolve e sinto suas mãos enrugadas tocarem cada lado das minhas bochechas ela se aproxima e marca minha boca com o vermelho do seu batom. Não consigo ter reação alguma, ela se afasta e com um sorriso ainda simpático me convida para jantar em sua casa 'Eu sempre janto sozinha e sempre faço muita comida, se quiser me acompanhar hoje a noite, daqui a uma hora estará tudo pronto. E muito obrigada pela ajuda com as bolsas' e a porta se fecha na minha frente.

Ainda sem entender o que havia acontecido entro no meu 304, encontro um belo corpo jogado no sofá da sala com a TV ligada. 'Amor, acorda, vou tomar banho e já faço um rango pra gente' beijinhos e 'Brigado , mas o cansaço me venceu hoje, vou dormir direto' e se levanta como um zumbi moribundo e vai pro quarto. No banho deixo a água cobrir meu rosto e escorregar pelo meu corpo e penso sobre o que havia acabado de acontecer e devido minha preguiça de ir cozinhar aceito o estranho convite feito pela velha.

Toc toc toc e a porta se abre no segundo seguinte e o sorriso simpático reaparece 'Que bom que veio, estou terminando de assar a carne, entre!' e me guiou até a sala um tanto cheia de abajures, caixas velhas, alguns quadros de mal gosto na parede e poeira. 'Você quer uma ajuda?' digo, aparecendo na cozinha, mas vejo que ela já está tirando um tabuleiro de alumínio bem amassado com um grande pedaço de carne assada suculenta 'Não precisa, está tudo prontinho'.

- Nossa, ta tudo uma delícia, a senhora é uma cozinheira de mão cheia - digo isso só pra quebrar o silêncio que correu-se como horas até eu pôr meu prato. 'Senhora ta no céu, pode me chamar de Melinda' responde ela simpaticamente. E por um momento paro para pensar que eu não sabia o nome da velha e nem ela o meu, mas acho que ela não considerava isso uma coisa importante então preferi ignorar e continuar comendo. O silêncio continua...

Depois de recolher tudo da mesa, o que fui incapaz de fazer pois essa velha que eu agora sabia que se chamava Melinda, tinha algum tipo de efeito sobre minha mente, sentia como se estivesse vagando por um mundo desconhecido, ela retorna:

- Espero que goste do que preparei para nossa sobremesa - ela diz isso com um ar de mistério e dirige-se ao seu quarto. Eu continuo sem conseguir mover-me a vejo retornando com um cachimbo em suas mãos e nenhuma comida. - Esse cachimbo era do meu pai e eu nunca dividi com ninguém, mas acho que finalmente a hora chegou, vamos para a sala, podemos ficar mais a vontade lá.

Guia-me pela mão e senta-se numa cadeira de balanço na minha frente e acende o cachimbo que exala um cheiro conhecido, ela puxa a fumaça pros pulmões e sem soltá-la me passa o cachimbo. Sugo aquela fumaça com a prática que já tinha e começo a tossir, eu sempre fico tossindo fumando a erva. O mais estranho era eu não estranhar a velha fumando a erva.

- De onde você vem Melinda?

- Do fundo do mar, meu pai era o rei dos oceanos e condenou-me a viver na terra para que eu aprenda o quanto é difícil andar sobre duas pernas.

Então ela era uma sereia, por isso exercia esse encanto incomum em mim. O encanto que se envolve cada vez mais e faz-me lembrar o beijo, tudo isso me assusta. Sem nada dizer, levanto-me e beijo ternamente a boca murcha de batom vermelho 'Meu nome é Sabrina' sussurro em seu ouvido e saio do 302 sem mais nada dizer. Deito ao lado do meu namorado na cama, que me abraça prontamente ainda adormecido, ponho o celular pra despertar mais cedo pois tenho que ir ao obstetra amanhã cedo prum exame de rotina do bebê e adormeço pensando em tudo o que me ocorreu no dia mais estranho da minha vida.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Amém!

Tudo bem que Deus pode existir, mas com certeza, dar dinheiro prum homem que diz ser enviado do Criador não vai ajudar em nada. Na verdade até ajuda, no bolso dele que vai inflar como as crises políticas do governo. Aliás, já que hoje em dia a maioria das igrejas são instituições com fins lucrativos, elas deviam pagar impostos e serem fiscalizadas. Uma CPI das igrejas seria destruidora, não que fossem prender muita gente (até porque vivemos no país que só falta de pagamento de pensão dá cadeia), mas pelo menos ia escandalizar e, quem sabe, abrir os olhos de alguns beatos ignorantes.

Basta ligar a TV pela madrugada num canal aberto que lá está um pastor gritando e pedindo encarecidamente pelo dízimo (oferecido de boa vontade e segundas intenções). Se refrescarmos a memória um pouquinho, houve uma época em que vendiam pedaços do céu! Nem culpo a canalhice de quem vendia, mas a dos que compravam, se bem que, pela lei não podemos vender o terreno do vizinho, logo a igreja não pode vender o terreno do Senhor. O pior é a grande possibilidade dele nem existir. Isso lembra quando uma tia-avó falecida comprou o terreno dos sonhos em Saquarema que ficava localizado muito perto da praia, perto até demais, na areia da praia, o que é ilegal, ou seja, jogou na zebra e deu macaco.

Se está doente, passa-se numa farmácia no caminho da igreja e toma um remédio, mas a cura não foi do remédio, foi da oração do pastor. É absolutamente irritante ouvir 'U sinhôrorô i a dor sumiu' seguido de gritos de 'Aleluia'! Realmente esses caras têm o poder... Poder de enrolar pessoas que no fundo querem mesmo ser enroladas. Necessitam de algum sacrifício na vida, já não bastando o de trabalhar a lá Isaura pra ganhar míseros 350 paus, só para simplesmente parecerem sofridas, como se só os que sofrem têm salvação. Achas mesmo que um ricasso bem casado e feliz, só por não sofrer, vai pro inferno?

Nesses dias um canal de TV que adora fofoca, tem até um programa específico do assunto, publicou uma matéria sobre o novo(não é o primeiro!) show/DVD infantil da Carla Perez(aquela primeira loura do Tcham!) e alguns figurões comentavam sobre o 'espetáculo'. Criou-se uma polêmica sobre os comentários da crente ex-capa da Playboy Mara Maravilha, que criticou a amiga dizendo que não concordava com a idéia de usar músicas 'adultas' para crianças(cá entre nós, 'A dança da tartaruga' do grupo Asa de Águia não música adulta?) e que o caminho dela devia ser mais ligado a Deus... (pausa pra respirar fundo) THE END!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Exercício da ironia

Sábado fui convidado a ir numa festa daquelas que chamam 'Chopada', resolvi acompanhar meus amigos e não foi surpresa nenhuma. A festa foi maravilhosa, o som ecoando(no sentindo de estar fazendo eco mesmo!) pelo galpão abandonado tocava música da pior qualidade, as 'cachorras' e os 'prostitutos' dançando vulgarmente eram colírio para meus olhos. Duas opções de cerveja: Itaipava gelada ou Itaipava quente! Sendo que a segunda opção prevalecia.

Estar no meio desses jovens fez-me pensar o quanto é bonito vê-los tão sem-rumo, nada preocupados com o próprio futuro, fãs das músicas mais horrendas, vulgares e repetitivas, arte é coisa de velho! Respeitar os outros também é coisa do passado, as brigas são só demonstração de poder, os acidentes de carro são conseqüência da bebida alcoólica que, magicamente, entorpece a visão...

Drogas só os ajudam a ficar mais fortes ou viajarem prum outro mundo por algumas horas. Sem esquecer a libertinagem que é a maior de todas as diversões, se engravidar, aborta; se ficar doente, trata; se a doença não tem cura, um dia todo mundo morre mesmo, é a lei do Pai. Acho que o mundo está cada vez melhor para se pôr um filho no mundo, faça o seu ou, um desses jovens faz antes.